domingo, 21 de setembro de 2014

crônicas semanais da vida diária #5

Esperas

Salas de espera....Lugares onde ficamos algum tempo convivendo com desconhecidos e suas esperas particulares. Alguns esperando um novo amor, outros esperando reencontrar uma pessoa querida, esperando conseguir pagar todas as contas, esperando que dê tempo de ir ao mercado, esperando que tudo dê certo na cirurgia, esperando por bebês, esperando o aniversário chegar, esperando o casamento, esperando um milagre... o futuro sempre tão presente nas salas de espera.
Naquela sala, em particular, estava uma mulher sentada contidamente entre duas pessoas que assim como ela esperavam. Qual seria a espera particular dela? Rever o filho que estava em outro país e tinha acabado de ser papai? Poder dançar com seu amor como na primeira vez que se viram sem sentir as dores do peso e da idade? Viajar para conhecer novos lugares?
Ela já estava ali há quase duas horas quando a cabeça não sustentando o peso da espera tombou para trás. Nessa espera toda adormeceu. E como uma criança arteira que aguarda os pais se distraírem o tempo saiu para brincar com o futuro e os sonhos e a mulher relaxou adormecida na cadeira daquela sala...E roncou!
Aquele ronco tão representativo daquele lugar e daquele momento foi tão alto que acordou até as alegrias adormecidas pelo passar das infindáveis horas. E todos que a tudo assistiam envoltos em esperas particulares deixaram a gargalhada se soltar dos grilhões das horas e escorrer pela alma até saírem pelos lábios sonoramente satisfeitos. Amigos silenciosos que se fazem nas esperas coletivas.

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